26.2.10

O QUE ANDEI... OUVINDO!

Assim como a Literatura, a Música ocupa uma parte muito significativa de minha vida.

Atualmente, tenho sido um tanto quanto refratária aos sons novos que têm aparecido. Essa onda rapper me incomoda um pouco, o techno puro me ataca a paciência, Alguém & Alguém randômicos e afins me entediam, axé cansa a minha já tão pouca beleza e funk é uma merda dos infernos que surgiu não sei de onde para incomodar PROFUNDAMENTE os ouvidos das pessoas de bem.

Aproveitando, lanço meu Manifesto contrário a esse costume infeliz de socialização musical via celular, smartphone, mp3 e demais aparelhagens afins que têm grassado em ônibus ultimamente. Era tão bom quando cada qual ouvia sua própria música em paz, com seu fone de ouvido!... Agora não: o sujeito não está nem aí se você ou os demais usuários do coletivo compartilham ou não de seu (mau) gosto musical. Ele simplesmente liga a porcaria sonora que trouxe consigo na maior altura e impõe aos demais o seu Bonde de Não Sei Quê, o seu Calypso, o seu Alguém & Alguém, e ai de você se reclamar! Aí é que a criatura aumenta ainda mais o som, e para você sobra apenas uma inveja visceral e corrosiva de Mr. Spock e seu toque neural vulcano.

Meu sonho seria um dia, num ônibus, quando um sem-mãe daqueles ligasse aqueles funks insuportáveis, eu poder sacar, com a maior cara de “e daí?”, um aparelho similar ao do sujeito e contra-atacar ou com Pavarotti, ou AC/DC, ou A Cavalgada das Valquírias de Wagner ou alguma peça da Ópera de Pequim... Ah, seria A glória!!!!!!

Feito o manifesto, volto a dizer que não tenho me ligado em sons muito modernos, preferindo me refestelar em uma Zona de Conforto Musical em companhia de meus velhos conhecidos U2, Zeca Baleiro, Sting, Titãs, Pearl Jam, Garou, Beatles, Clara Nunes, Supertramp, Beethoven, Marisa Monte, The Cure, Udiyana Bandha, Guns’n Roses, Coldplay, Frank Sinatra, Nelson Gonçalves, Ramones e por aí vai.

Entretanto... eu necessito abrir uma exceção:

Estou pura e simplesmente encantada com esta mulher talentosa e maluca. Suas músicas totalmente dance fazem dançar até os mortos; seus refrões grudam na mente como chiclete, e você se pega a repeti-los em qualquer hora e em qualquer lugar; seus clips, elaborados e alucinados, fazem você sorrir mesmo que não o queira. Em suma: Lady Gaga é irresistível.

Curioso é que, se procurar no onisciente e onipresente YouTube, você encontra inúmeros vídeos de Lady Gaga antes dela tornar-se Dyvah; e pode reparar, ao assisti-los, que talento a jovem sempre teve: suas músicas são boas, sua voz é sempre afinada. E é então que você se pergunta: se já existia o talento, por que a jovem só conheceu o sucesso e o reconhecimento quando se utilizou de toda aquela porralouquice visual?

Grandes enigmas da humanidade.

Do dance para a MPB, fiquei muito feliz quando achei nas Lojas Americanas este CD de Caetano Veloso, cujo vinil tive em mãos uma vez e pelo qual me apaixonei. Na época, consegui gravar algumas das canções numa fita cassete que depois embolotou toda (PQP, mas que velharia!!!!), e do vinil para comprar, nem sinal. Até que, numa das muitas voltas que esse mundão dá, eis que do nada me vem o CD às mãos.

Mundo, mundo, vasto mundo. ^^

Confesso: não sou muito ligada e nem conhecedora de MPB (como o são minha prima Luci e meu amigo Luiz Antônio, ambos apaixonados principalmente por Chico e Bethânia). Conheço apenas algumas músicas, gosto mais de ler Chico do que de ouvi-lo (a não ser suas músicas políticas – ou sociais, como Luci prefere chamá-las), e tenho predileção pelas canções com ritmos mais animados e letras com jogos de palavras – o que me aproxima mais de Caetano... Lua de São Jorge, Outras Palavras e Tropicália são uma delícia!

(Espero que a vizinhança concorde comigo...)

Trilhas sonoras de filmes são sempre boa companhia, e é muito difícil encontrar uma trilha que não seja agradável aos ouvidos e que não nos faça reviver praticamente todos os momentos do filme e que está ligada.

Carnaval passado, como não pude ir à Veneza, optei por ficar em casa trabalhando...

...

... (a parte do trabalho é verdade, depois falarei a esse respeito...) e, para tornar a tarefa menos inglória, apelei, inicialmente, para uma trilha sonora forte e visceral como o herói de seu filme!

Em seguida, com o trabalho já em bom andamento, mas sem perder o ritmo, mantive o substrato heróico, apenas alterando o estilo:

O único problema é que a trilha de Conan, o Bárbaro, me deu uma enorme saudade do filme, infinitamente superior à sua continuação, porém muito mais difícil de encontrar...

Com o trabalho seguindo para o final, mas já dando cruelmente no saco, precisei buscar forças e incentivo com outra espécie de heróis, aqueles que, não importando a dificuldade da tarefa ou a falta de esperança, ainda assim seguem adiante!

Todavia, foi uma escolha complicada, porque a belíssima trilha de Howard Shore, além de me relembrar toda a saga de O Senhor dos Anéis, emocionou-me profundamente (assim como em todas as vezes em que ouço esse CD); Enya me deixou sentimental e, em vez de prosseguir com o trabalho, fiquei sonhando com os elfos e com o belo povo de Rohan, que é exatamente o local onde eu desejaria viver na Terra Média, sob o comando do Rei Théoden e da Senhora Éowyn!...

Mas, como o trabalho precisava continuar, cortei o sentimentalismo e parti para algo mais... estimulante.

Wojciech Kilar, esse eslavo de nome impronunciável que compôs a trilha de Dracula, é genial: misturou doçura, perversão, desejo e repulsa em doses perfeitas. E, como as músicas no CD estão praticamente na ordem em que aparecem no filme, dá para reviver todas as emoções desta obra-prima de Francis Ford Coppola.

Por fim, o que você acharia de um CD que não é nem trilha sonora, nem compilação de canções de uma época, mas sim algo como uma... rádio-novela? Uma deliciosa história quase noir com começo, meio e fim – não necessariamente nesta ordem - ambientada nos anos 40/50?

Pois esse CD existe, e se chama, bem a propósito... Dreamland. E é uma de minhas paixões desde que o comprei, ainda no ano passado. Não me canso de ouvi-lo e, a cada nova audição, encontro um detalhe, um som, uma referência não percebidos ou possíveis de serem percebidos de outra forma. Fora o fato de que as vozes de Brent Spiner e Maude Maggart moldaram-se com perfeição, e a muito bem cuidada produção do CD tornaram-no verdadeiramente encantador.

E, como se não bastasse, Dreamland ainda me permite um Momento Pessoa Insuportável:

Esta é o meu CD, original e AUTOGRAFADO por Mr. Spiner. Podem babar à vontade, estimados mortais que visitam meu Subsolo!!!

A seguir, a parte três desta prestação de contas: a sessão O Que Andei... Assistindo!

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