Recorro ao meu estimado amigo Logan para retrucar esta teoria: Tu bebeu?
Pelo que vejo, acorde com o narrado no livro de Gomes, o brasileiro conseguiu adaptar esta teoria de uma forma bastante peculiar, através do aperfeiçoamento gradual da então Corrupção que infestava a Administração Pública do Brasil do século XIX até chegar à Maracutaia dos Tempos Atuais.
Acho que, numa espécie de deboche – porque ninguém como o brasileiro sabe ser engraçadinho em horas que não convém -, os corruptos aproveitaram o ocorrido no Direito das Coisas para promover a evolução da Corrupção à Maracutaia: assim como os juristas aproveitaram e aperfeiçoaram os Institutos Romanos para a realidade moderna, nossos diletos ladrões de colarinho engomado fizeram o mesmo com certas práticas adotadas pela Coroa, estendendo-as aos nossos dias e causando em quem ainda possui nem que seja uma gota de honestidade um constrangedor dèja-vù.
Os fatos falam por si:
O historiador Luiz Felipe Alencastro conta que, além da família real, 276 fidalgos e dignitários régios recebiam verba anual de custeio e representação, paga em moedas de ouro e prata retiradas do tesouro real do Rio de Janeiro. (...) Um dos padres recebia um salário fixo anual de 250.000 réis – o equivalente hoje a 14.000 reais – só para confessar a rainha.
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No Brasil, Azevedo (Joaquim José de Azevedo, administrador de compras e estoques da casa real) enriqueceu tão rapidamente e teve sua imagem de tal modo ligada à roubalheira que no retorno de D. João VI, em 1821, foi impedido de desembarcar em Lisboa pelas Cortes portuguesas. A proibição em nada perturbou sua bem-sucedida carreira. Ao contrário. A família continuou enriquecendo e prosperando depois da independência.
E, completando este último dado, Laurentino Gomes ainda nos dá o golpe de misericórdia ao informar que o ilustre supracitado corrupto, em reconhecimento pelos serviços prestados à Coroa, foi promovido de Barão a Visconde por D. João VI!
Ora, pipocas!!
Por um breve momento imagino uma realidade alternativa onde tivéssemos retornado à Monarquia; pelo Eterno, quantos Viscondes, Barões, Condes e Marqueses da Maracutaia não veríamos flanando, janotas, pelas calçadas!... E, mantendo o crossover com o passado, poderíamos aproveitar os versinhos populares que corriam pelo Rio de Janeiro de mil oitocentos e inhame:
Quem furta pouco é ladrão
Quem furta muito é barão
Quem mais furta e esconde
Passa de barão a visconde.
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