Ontem, aproveitando a sexta-feira treze, um colega meu de trabalho me contou a seguinte história:
Há seis anos, o primo dele e mais sete amigos resolveram fazer uma viagem de motocicleta do Espírito Santo à Bahia. Com tudo combinado, arrumado e empacotado, os oito motoqueiros puseram rodas à estrada.
Viajaram durante todo o dia e, empolgados, prosseguiram na estrada até tarde da noite. Depois de muito rodarem sem encontrar nenhum lugar de pouso, chegaram a um posto de gasolina. Menos mal; reabasteceram, esticaram as pernas e perguntaram ao frentista se, mais para frente, encontrariam algum lugar onde pudessem descansar antes de seguir viagem.
Desanimado, o frentista informou que, por muitos quilômetros, não havia mais nada naquele ponto da estrada além do posto de gasolina e de uma antiga e abandonada fazenda de café. Sem saber muito bem o que fazer, os motoqueiros voltaram à estrada na esperança de que o frentista estivesse enganado e houvesse, mais adiante, pelo menos um motel vagabundo onde pudessem descansar um pouco.
Já era começo de madrugada e os viajantes se convenceram de que não havia mesmo nada na estrada naquele trecho; já cogitavam arriscar seguir direto até amanhecer quando passaram pela antiga fazenda e, para surpresa geral, viram luzes acesas lá.
Sem melhor alternativa, resolveram arriscar; entraram na propriedade e bateram à porta da casa. Foram recebidos por um casal e um menino pequeno, que não lhes recusaram hospitalidade. Conversaram, tomaram café, foram acomodados em quartos simples, mas bem arrumados. Agradeceram ao casal e combinaram que voltariam à viagem assim que raiasse o dia.
Amanheceu, e os motoqueiros se aprontaram para sair. Procuraram os fazendeiros para agradecer o pernoite, mas não encontraram ninguém; havia, porém, café fresco na cozinha, do qual todos tomaram, lamentando não poder expressar àquelas pessoas a gratidão que sentiam pela acolhida tão gentil. Decidiram, ainda, retornar ao posto de gasolina, não só para conferir o caminho e calibrar as motos, como também para informar ao frentista de que ele estava enganado quanto ao abandono da fazenda.
O frentista ouviu, boquiaberto, a história dos motoqueiros de que havia gente na fazenda; achou que era piada. Quando disseram a ele que tinham sido recebidos pelo casal com o menino, exclamou:
- Não é possível, vocês só podem estar brincando. Aquela fazenda está abandonada há muito tempo, não tem nada lá; e esse pessoal de quem vocês estão falando foi assassinado lá há uns cinqüenta anos!
Os motoqueiros, incrédulos, repetiram tudo o que viram e fizeram na fazenda, enquanto o frentista insistia que não era possível, que era mentira. Diante do impasse, os oito montaram novamente nas motos e rumaram de volta à fazenda, para tirar a teima; o frentista só podia ser doido ou teimoso, pois como oito pessoas poderiam mentir juntas daquela maneira, com aquela riqueza de detalhes, sem se contradizerem?
Quando chegaram à fazenda, não acreditaram no que viram. Estava tudo em ruínas, e o único sinal de movimentação humana eram as marcas dos pneus das motos. Entraram na casa principal, e lá só havia poeira e teias de aranha; nos quartos onde haviam dormido, nem mesmo camas havia...
Arrepiei-me dos pés à cabeça quando meu colega me contou que seu primo está reunindo novamente os sete amigos que passaram por essa experiência junto com ele para, em breve, retornarem a essa mesma fazenda, nas mesmas condições, para verem o que acontece.
Eu espero, de coração, que eles desistam da idéia.