4.7.12

XXXIII - A SOPA DE PEDRAS

Quando terminou a guerra dos farrapos de Canudos, uma guerra dessas aí!, Serapião Pintumba perambulou por muito tempo no sertão. À proporção que perambulava, penetrava, e, penetrando, sua miséria aumentava - pois o interior fazia as cidades empobrecerem com ele. Até que um dia chegou a uma aldeia de casas de taipa, distante de tudo, isto é próxima de nada. Serapião bateu numa porta e pediu um pedaço de pão. Foi escorraçado. Bateu noutra porta, pediu um pedaço de queijo de cabra. Foi chutado. Bateu em outra porta e pediu um pedaço de rapadura. Foi cuspido. Bateu noutra porta e pediu uma lata velha. Foi atendido. Aí, Serapião se acocorou no meio da praça, fez uma trempe, botou a lata em cima e ficou esperando o destino. O destino, como sempre, juntou uns curiosos: "Que qui tu tá fazendo aí, Serapião Maluco?", perguntaram. "Uma sopa", disse Serapião. "To veno nada", criticou um velho crítico de sopas local. "Tão marranja água que cê vai vê", disse Serapião. Arranjaram água pro Serapião, e fogo, e ele assim que a água pegou uma fervura, jogou duas pedras dentro da lata e ficou lá mexe que mexe com pau. "Que sopa é essa?", veio a próxima pergunta. "Sopa de pedra", disse Serapião. "De peeeeedra?", espantaram-se os habitantes da aldeia, em uníssono. "E pode sopa de pedra? Nóis num cômi sopa aqui tem mais di meis. Si dava pra fazê sopa di pedra, a gente toda tava toda limentada". Um demagogo presente aproveitou a dúvida  no ar e vociferou: "É como os eternos leguleios, eternos prometedores de miragens, embaindo o povo do sertão com falácias infantis, acenando para o povo com soluções mirificas enquanto palacianos governosos se locupletam com suas gordas mordomias. Mas mesmo esses profissionais do engodo jamais pensaram em proposta de solução alimentar tão estapafúrdia!" Tomou ar e perguntou noutro tom: "Que é que você pretende exprimir, dialeticamente, com sopa de pedra?" "Bem", respondeu Serapião, um tanto intimidado, a sopa pode sê só di pedra, né?, e inté qui sai boa. Mas se ocês mi arranja um pidacinho de tocinho, um pezinho di cove, um naquinho de rapadura, aí dava muito in mió, né memo?" "Quê qui há, Maneco, sem essa!", disse então um pau de arara que tinha trabalhado em Ipanema durante seis meses, pendurado num edifício da Vieira Souto, e por isso era considerado o grã-fino da aldeia. "Sopa de pedra é sopa de pedra! Não vem com subsidios que aqui não tem disso não. Você falou em sopa de pedra; vei ser sopa de pedra! Pessoal, todo mundo fazendo sopa de pedra aí na praça!" Em poucos minutos, a praça estava cheia de panelas, caldeirões, chaleiras, terrinas e latas fervendo com pedras. E cada um já procurava fazer sua sopa melhor que a do vizinho, com um sabor diferente: rocha, granito, sílex, calcário, pedra-pomes, basalto, pedra-sabão, pedra-ume,  pedregulho. Mas terminou tudo numa grande decepção. Nenhuma das sopas de pedra tinha o menor gosto de sopa. Pior ainda - não tinha nem gosto de pedra. Foi aí que um caboclo mais imaginoso descobriu a única utilidade da pedra capaz de, naquele momento, satisfazer a todos os habitantes da aldeia. Tacou um paralelepípedo na cabeça de Serapião, que caiu ali mesmo e logo foi apedrejado por todo mundo, morrendo dilapidado.
Como na Bíblia.

MORAL Não se deve abusar da miséria do povo; ele acaba ficando empedernido.

FERNANDES, Millôr. 100 Fábulas Fabulosas. 7.ed. Rio de Janeiro: Best Seller, 2001. 76-78 p.

23.11.11

SOBREVIVENDO A AMANHECER, PARTE I


Fizemos um passeio com os alunos do turno noturno da escola onde trabalho. Fomos ao cinema assistir... Amanhecer, parte I.

Sim! Eu sobrevivi ao filme! Aeeeee! Mas, não foi uma tarefa fácil, padawan... Não mesmo.

A princípio, posso dizer que Amanhecer é o menos chato dos quatro filmes já feitos – desde que você comece a avaliá-lo da metade para o final. Isso porque, da primeira parte até então... se eu não lesse o Blog do Amer teria morrido ou de tédio, ou de raiva – ou dos dois. Foram as resenhas do Amer que me ajudaram a sobreviver, e até quase me fizeram passar vergonha no cinema, tamanha vontade de gargalhar que certas cenas do filme e certas lembranças de resenhas me causaram.

Talvez quem leia este meu post possa pensar que sou sem coração por morrer de tédio num filme que narra a realização de um dos sonhos de uma jovem apaixonada: casar-se finalmente com o Amor de Sua Vida numa linda cerimônia. Mas, prezados leitores, não é minha presumida insensibilidade que me causou tédio; foi o inacreditável ar de enfado da referida jovem que me congelou o coração. Bella Swann não parece, em momento algum, estar realizando o sonho dourado de sua vida ao finalmente enforcar-se, digo, unir-se matrimonialmente a seu amantíssimo Edward Cullen. Ela parecia, por outro lado, estar caminhando para o cadafalso, ou para a fila da Caixa Econômica Federal ou para um banheiro de botequim.

Antes de comentar o casamento de Bella e Eddie propriamente dito, gostaria de convidá-los para um exercício imaginativo rápido: finjam que vocês são a noiva, e estão se arrumando para a linda cerimônia de seu casamento com (insiram aqui o nome do Amor de Suas Vidas ou de Seu Homem Mais Lindo do Mundo). Também entrarei na brincadeira: vou me colocar no lugar da noiva, e Russell Crowe (meu Homem Mais Lindo do Mundo) no lugar do noivo.


Retomemos, então: estou me arrumando para minha linda cerimônia campestre de casamento com Russell Crowe, meu Homem Mais Lindo do Mundo. Só de pensar no Russ já começo a sorrir abestalhadamente.


Como se não bastasse meu noivo ser o Russell Crowe, meu vestido de noiva é simplesmente maravilhoso, divino, elegantemente sexy e recatado ao mesmo tempo; uma obra de arte que, se fosse de cetim negro, certamente seria uma criação assinada por Dita Von Teese. Meu sorriso abestalhado aumenta exponencialmente.

Nisso, meu pai, que é um policial bigodudo super gente boa e bonitão, que também me adora, me oferece todo orgulhoso seu braço para me levar até o altar, onde Meu Homem Mais Lindo do Mundo me espera. O sorriso ainda mais abestalhado segura minhas lágrimas de emoção.

Vou seguindo pelo braço de meu pai quando finalmente vejo Meu Homem Mais Lindo do Mundo sorrindo para mim lá do altar. Meu coração falha uma batida, o sorriso me causa câimbras faciais. Russ veste um maravilhoso fraque completo, de colete e tudo, e até dói olhar para ele, de tão lindo que está. Fora o fato de que é um ser imortal, o que significa que permanecerá lindo, divino, gostoso & maravilhoso daquele jeito por toda a eternidade. Preciso me segurar firmemente em meu pai para não sair correndo como uma louca e me atirar nos braços daquele deus grego que sorri para mim como se eu fosse a melhor coisa que ele já viu na vida.

ESTA seria a vibe do casamento de Bella Swann e Edward Cullen. Porém...

Durante todo esse percurso – preparação, vestir-se, seguir com o pai até o altar onde um sorridente Eddie, o Amor de Sua Vida, a espera, Bella tem apenas uma expressão facial:


É de lascar a tubulação, não é não? Cadê o amor, produção? Cadê a emoção? Cadê a felicidade? Claro que Bella não precisava sorrir abestalhadamente como eu faço a cada vez que vejo uma foto de Russell Crowe, mas, convenhamos, uma pequena indicação que fosse de felicidade já valia o esforço!


A cara de sofrimento que Bella faz enquanto caminha para o altar deixa o espectador desavisado com a impressão de que está se casando à força, cruelmente obrigada por todos aqueles seres abomináveis que a circundam, e o sujeito que a espera no altar é, no mínimo, ou Jason Voorhees, ou o Toxic Avenger ou José Sarney. A cena toda se torna um enorme tormento, e chega a causar constrangimento, vergonha alheia.

Esse mesmo ar de profundo sofrimento se estende à lua de mel. É surreal o constrangimento que tanto Bella quanto Edward transmitem. Não parecem dois jovens apaixonados, curiosos e ansiosos, loucos para caírem nos braços um do outro, mas sim um casal maduro num segundo casamento de conveniência, onde a mulher tem medo de que suas celulites desagradem o marido e este tem medo de um Viagra ter sido pouco para a noite toda.

Como bem diz o Amer, PELO AMOR DO GUARDA BELO!

Nem vou comentar mais nada sobre isso porque está me dando tédio. E vergonha alheia. E depressão.

Quando Bella começa a gerar aquilo que costumei chamar Bebê de Rosemary desde quando li Amanhecer, o filme toma certo impulso e fica mais palatável, não por um brilhante despertar de expressividade em Bella, mas sim pelos efeitos especiais, realmente interessantes. Da gestação em diante, onde o bebê começa a destruir a mãe de dentro para fora, Amanhecer ganha ares de filme de terror (quase trash) e, juro, fez algumas pessoas sensíveis passarem mal no cinema; porém, não é nada a que você que já viu Fome Animal, Paixão de Cristo e Evil Dead não seja capaz de sobreviver incólume.

Bem, fora isso, o que mais sobra de interessante em Amanhecer, parte I?

Os lobos, claro.


 O corte de cabelo maravilhoso de Alice Cullen.


Emmett Cullen, o único Vampiro Magia que Stephenie Meyer soube conceber.


Hm, creio que é só... Ah, tem a visão aérea do Cristo Redentor – praticamente a única coisa que realmente pertence ao Rio de Janeiro naquela seqüência que também causa vergonha alheia no espectador mais avisado.

Por fim, deixo uma reflexão filosófica para vocês: Edward Cullen é um morto-vivo cujos fluidos corporais foram todos substituídos por veneno, e ainda assim engravida sua esposa Bella Swann. Se, hipoteticamente, Bella se utilizasse de um dildo recheado de mercúrio, ela também engravidaria?

Quid juris?

16.10.11

OSCAR WILDE


Aos olhos da sociedade, e isso vem de mim, dou a impressão de ser apenas um dândi diletante – é imprudente mostrar seu coração ao mundo. Ora, assim como maneiras sérias são o disfarce do tolo, a extravagância com ares de trivialidade, de desenvoltura e de indiferença é o disfarce do homem sério.
 Numa época tão vulgar como a nossa, todos precisamos de máscaras.

Nesta mesma data, no ano de 1854, nascia em Dublin o extraordinário Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde.

Controverso, paradoxal, provocador, Oscar Wilde não temia ser diferente, ter seu próprio estilo, defender publicamente suas idéias consideradas imorais e arrogantes pela sociedade vitoriana em que era obrigado a viver.

Dotado de prodigiosa inteligência, dificilmente acompanhada por seus pares, Wilde era versado em línguas antigas, filosofia, arte e poesia. Sua sensibilidade aguçada o levava sempre em direção ao bom gosto, à delicadeza e à cultura. Amava as flores – principalmente os lírios –, os tecidos finos, a boa mesa, as companhias inteligentes e estimulantes. Chegou a ser adorado, adulado e endeusado pela sociedade londrina – a mesma que o atirou à Justiça e ao cárcere, anos depois, acusado de atentado ao pudor por ser homossexual.

Arruinado tanto moralmente como financeiramente, doente e deprimido em virtude dos dois anos em que esteve encarcerado, Oscar Wilde morreu em Paris, sozinho e na miséria, aos 46 anos. Porém, com o passar dos anos, suas obras foram “redescobertas” em toda a sua genialidade e beleza, e o nome de Wilde foi reabilitado – de certa forma mais no contexto social, porque aqueles que conheciam sua arte e seu gênio nunca deixaram de admirá-lo como artista.

Para mim é extremamente difícil escrever sobre Wilde algo que eu considere à sua altura; por isso, para quem desejar conhecer melhor sua vida, seu pensamento e sua arte, recomendo a leitura da biografia Oscar Wilde, escrita por Daniel Salvatore Schiffer e lançada pela L&PM, e também das próprias obras de Wilde, desde o famoso O Retrato de Dorian Gray até o pungente De Profundis, escrito enquanto esteve confinado na Prisão de Reading.


E, por fim, deixo que o Poeta fale por si:

Tratei a arte como a suprema realidade e a vida como uma mera ficção. Despertei a imaginação do século em que vivi, para que criasse um mito e uma lenda em torno de minha pessoa.

O amor é alimentado pela imaginação, através da qual nos tornamos mais sábios do que sabemos, melhores do que nos sentimos, mais nobres do que somos, capazes de ver a vida como um todo; através da qual, e só através dela, chegamos a entender os outros tanto em sua relação real quanto ideal. Só o que é superior e superiormente concebido pode alimentar o amor, mas qualquer coisa alimentará o ódio.

Lamentar as experiências vividas é uma forma de impedir o próprio desenvolvimento. Negá-las é colocar uma mentira nos lábios da própria vida. É nem mais nem menos do que a negação da alma.

Pois assim como o corpo é capaz de absorver toda espécie de coisas, tanto as mais vulgares e impuras quanto aquelas que um sacerdote ou uma visão tenham purificado, convertendo-as em atividade ou força, no movimento de belos músculos e na moldagem da carne mais delicada, nas curvas e cores do cabelo, das pálpebras, dos olhos, assim também a alma possui funções nutritivas e pode transformar em nobres sentimentos e paixões elevadas coisas que seriam, por si mesmas, baixas, cruéis e degradantes. E, mais ainda, pode encontrar nelas suas mais grandiosas formas de afirmação e muitas vezes revelar-se com mais perfeição através daquilo que pretendeu denegrir ou destruir.

11.10.11

BIBELÔS


Dias atrás, durante meu sagrado horário de lanche no trabalho, encontrei abandonada sobre uma mesa um exemplar da revista Nova. Sem ter mais o que fazer, e acompanhada por um belo sanduíche de mortadela e um copo de café quentinho, abri a revista a esmo para ver qual extraordinária revelação da última semana ela me traria. Caí numa página com o sugestivo título O Que Eles Gostam...

Meu alerta vermelho interior foi acionado imediatamente: não há sequer uma vez em que eu perca meu tempo em ler esse tipo de coisa e não me emputeça. Porém, como mais do que burra eu sou teimosa, ou talvez mais do que teimosa eu sou burra, ignorei o referido alerta vermelho e, dando mais uma mordida no meu sanduíche, comecei a ler o artigo, dividido em várias seções onde sujeitos randômicos, entre 25 e 45 anos, opinavam sobre aquilo que lhes agradava (ou não) em uma mulher.

Um dos sujeitos dizia que, para ele, mulher tinha que ser delicada, educada. Nada o desagradava mais do que levar uma mulher para jantar e ela comer tanto quanto ou mais do que ele; dava-lhe a sensação de que estava saindo com um amigo ou um colega de escritório. E se caso a mulher se comportasse daquele jeito num primeiro encontro, ele perdia o interesse por ela na mesma hora.

Avaliei o tamanho de meu sanduíche de mortadela – lanche mais ogro, impossível – e, depois de uma boa dentada, prossegui com a leitura.

Outro sujeito afirmava que não há nada mais brochante do que sair com uma mulher que não sabe manter o clima gostoso de romance. Didático, explica que essa mulher é aquela que, durante uma conversa, em vez de deixar o papo fluir, ela insiste em debater qualquer assunto, dar sua opinião sobre tudo e discordar das coisas. Enfático, arremata dizendo que se ele quisesse debates ou discussões teria saído com os amigos, e não com uma gata.

Nesse momento lembrei-me de que geralmente sou tida como a do contra, mesmo quando minha intenção não é essa em absoluto. Balancei a cabeça e fui adiante.

Um empresário de quarenta anos afirmou adorar mulheres que ele pode proteger, envolver em seus braços e fazê-las caberem inteiras em seu abraço; uma mulher pequena é uma mulher adorável. Ao contrário, uma mulher alta, grande, não lhe dá a mínima vontade de proteger, e sim lhe causa a impressão de que está saindo com outro homem.

Eu meço 1,73. E, como sou burra, ou teimosa, ou ambos, continuei lendo.

Ainda seguindo a linha física, o próximo homem falava de sua atração por mãos femininas. As mãos que lhe agradam numa mulher têm que ser pequenas, delicadas, macias e sempre com as unhas bem feitas. Ele tem pavor de mulher com mãos grandes, que parecem patas... ele foge delas, porque, afinal de contas, quem tem que ter mão grande é homem (a revista aqui insere “risos”).

Eu também rio, amarelo, ao perceber que da linha do meu pulso até a ponta de meu indicador são exatos dezoito centímetros.

Por fim, a última opinião que leio é a de um indivíduo de 38 anos que, seguindo os passos do anterior, tem paixão por pés femininos... aqueles pezinhos pequenos, macios, delicados, que ele adora beijar. Logo que ele conhece uma mulher, a primeira coisa em que repara é no tamanho dos pés; se ela tiver pés grandes, ele a descarta na hora; quer coisa mais desagradável do que uma mulher que calça como um homem?

Desagradável como eu, que calço 38 / 39?

Emputecida, larguei a revista de lado. Mas que porra é essa, meu Deus? O que esses homens têm na cabeça? Descartar uma mulher só porque ela tem os pés grandes? Porque ela gosta de comer? Porque ela não tem medo de pensar por seu próprio cérebro e expor suas idéias e opiniões? Porque ela tem a altura deles e pode olhá-los diretamente nos olhos?

Em pleno século XXI esses homens não querem uma mulher, eles querem um bibelô; uma coisinha linda, meiga e gostosa que podem exibir na rua e usar para fazer inveja nos amigos, porque estão pegando.

E me assusta pensar que muitas mulheres alteram suas personalidades, se matam em tratamentos estéticos e se transformam em bibelôs justamente para agradar a esse tipo de homem, apenas por medo de não serem aceitas e, por isso, ficarem sozinhas.

Tem algo muito errado nisso aí...

7.10.11

PAIS E FILHOS

Preciso terminar meu cigarro antes que aquele meu Super Filho Politicamente Correto apareça e comece a me chatear por eu ter cedido logo a esse péssimo hábito humano...
Jor-El, num rápido smoke-break.

18.9.11

DOUCES MEMOIRES


É difícil expressar em palavras porque se viaja; você só sabe o porque quando chega em casa de novo. É quando você pode aproveitar essas lembranças de viagem por um longo tempo.
Você tem dentro de si um tipo de porão. Quando você se sente mal, você desce e tira uma compota mental de viagem, a abre e pode beliscar um pouco.

Till Lindemann, vocalista da banda Rammstein.